sábado, 27 de setembro de 2014

A boca que gritava demais

   Olá a todos, espero que este fim de semana, após o início do ano letivo, esteja a ser ótimo e que traga muitas alegrias. Já à algum tempo que eu não passava por aqui a deixar-vos novidades interessantes. Mas hoje consegui um tempinho para o fazer. No meio de tantas histórias de literatura infanto-juvenil que tenho cá por casa, selecionei "A boca que gritava demais" de Rita Vilela. Esta obra é interessante por vários motivos: cores vivas, texto curto e de fácil perceção, a temática, a sugestão de atividades, etc. As férias de verão já terminaram e as crianças chegam aos jardins de infância e às escolas completamente alegres, comunicativas e com vontade de partilhar todas as suas aventuras de verão mas nem sempre o fazem da forma mais adequada na sala de atividades. Com esta história podemos abordar essas situações de uma forma lúdica e interessante.


   A história começa da seguinte forma:

Aquela boca tinha uma voz forte, bonita... mas não a sabia usar.
Ela gritava demais:
Gritava se estava triste... para que todos soubessem!
Gritava se queria alguma coisa... até conseguir!
Gritava se tinha medo... para pedir ajuda!
Gritava se estava feliz... porque era divertido!
Por tudo e por nada:

Gritava!
                Gritava!
                                       Gritava!

    Como devem calcular esta atitude não era muito engraçada e perturbava imensa gente. Para se contornar este problema, são apresentadas, ao longo da história, algumas consequências daquela atitude e algumas soluções. No fim da obra, a autora apresenta uma ficha para o educador, a qual vou apresentar aqui:

    Para tirar o maior aproveitamento destas histórias, foi criado um conjunto de perguntas que poderão ser utilizadas para trabalhar com as crianças em torno das ideias do texto.
Neste caso concreto:

  • Esta história faz-te lembrar alguma boca que tu conheces?
  • Como reages quando gritam ao pé de ti?
  • Como reagem as pessoas quando tu gritas?
  • Já reparaste que um grito chama outros gritos?
  • O que pensas da frase «nunca necessitava de gritar para se fazer ouvir»?
  • O que pensas da decisão do juiz?
    O cérebro humano, quando questionado, reage a vários níveis na busca de respostas, processo esse que favorece o desenvolvimento e a aprendizagem.
    O impacto dos resultados será sempre mais forte quando o próprio atingir, por si mesmo, as respostas e as conclusões.
    Na dinamização da discussão à volta desta história sugere-se, assim, que o adulto evite fornecer respostas e dar as soluções. O papel do educador deverá centrar-se em estimular o debate, colocando as questões, complementando-as eventualmente com outras que surjam da realidade da própria criança (Exemplos: «como te sentiste quando te aconteceu...», ou «porque achas que o Alberto reagiu assim naquela altura?»), estimulando desta forma a reflexão e ajudando a criança a atingir o objetivo desejado.
    Dar espaço à criança para expressar as suas opiniões, tentando compreender os seus pontos de vista, é essencial para a utilidade destas dinâmicas. O assumir de posturas mais críticas por parte do adulto poderá comprometer o processo e os seus resultados.

    Espero que tenham gostado da obra selecionada e que fiquem com vontade de a adquirir (tem um preço relativamente baixo quando comparado a outras obras) e a utilizar com as vossas crianças. Atenção que não é obrigatório ser-se educador/professor para se ler histórias às crianças, basta ter vontade e gosto de o fazer. E as sugestões dadas pela autora deste livro também podem ser realizadas fora da instituição por qualquer pessoa que tenha vontade de o fazer.

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